domingo, 24 de março de 2013




Folhas em branco despertam meu olhar para nelas escrever...
Me atraem como ruas enladeiradas,
Como pessoas cantando no meio da noite,
Como “paralelepípedo: água passando no meio.”¹

As folhas estão nuas...
Seduzindo meu corpo como um espectro de mulher me seduz,
Como olhadelas pelos cantos dos olhos,
Como curvas passando no meio de minhas primaveras,
Como uma forçada dissimulação em não sentir, em não me sentir.

        Sento na cadeira deste bar...
        Miguel sabe mais de mim do que eu mesmo, talvez.
       Talvez ele saiba o mais importante: a minha dose.

Tha!
Agora com o whisky encima da mesa, minha munição está pronta:
Folhas nuas;
Lápis rígido e
Whisky-delírio.

Algum vapor quente no meio da noite balbucia falas incompreensíveis ao meu ouvido...
Depois de um tempo tentando entender o som do vapor, percebo que era um mero assobio daquela mulher de Olhos e Mãos...


¹ A frase entre aspas foi falada por um amigo nas Ladeiras de Olinda, vapores ébrios e suas fraternidades (Medeiros Netto.), logo peguei a frase, obrigada, Pin.