sábado, 9 de julho de 2011


Prelúdio: Banhar-se na areia dos sonhos é infinitamente imortal, dolorosamente imortal...

A beleza sorri e se reflete desfigurada.
 Eu: apagada e suja com meus delírios e cabelos brancos inevitáveis... Ali, se projeta uma velha doente, ela se arrasta sedenta por carne. Dormir no banco e não se fazer perceber é Rotineiro.
   Uma febre de calma
        Uma calma de frio
             Calafrio... se aliviam num afago do desleixo...
Herdei do pai, avô ou algum ancestral... muitas manchas negras, alguns males de dentro que se arrancá-los é chegada a morte.
Parada, deitada ... à espera de algo que não me tirava dali...
minha carne se desfalece, derrete
e os séculos esquecidos pela morte são cada vez mais cruéis ...

quarta-feira, 16 de março de 2011

Desabaforadas

O ar estava limitado a poucos e luxuosos suspiros... Uma fileira de formigas com folhas rumo ao buraco no chão...

Tenho que aprender a respirar pra dosar essa nuvem dentro de mim.
Droga
Estava seca, nenhuma gota de frescor.
Quando Névoas de Sabores, Hálitos me sustentam
Meu canto  liberto
Meu canto úmido!
Cabelos sopram ao suculento vento
Chaves molhadas  molhos   ares
Convoquei poetas como deuses
Os poetas me sacodem, me acordam e eu estou lá, fantasiada, semi pronta...
com belas alegorias de cura.
Traguei fumaças como um ritual
Ah! As fumaças me adormecem num cantar distante e solto...
Meu  deserto umideceu e o cigarro rolou monte abaixo, perto das formigas, ainda aceso... 

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Sopro de Vultos...




“NÃO!”, e o vento corta a carne do rosto.
                  Transpirando...
No banheiro ele acorda, o chão está frio, pode congelar até o espírito.   O espelho está sempre ali e toda manhã ele é olhado, as barbas ralas por fazer pressentem a urdidura perversa da lâmina. Os pelos aflitos e excitados. Medonho é o aparelho de barbear que está em posição vertical, pronto!
     D-E-S-T-R-U-T-I-V-I-D-A-D-E! Esse é o feito pretendido.
     A navalha irá exalar aquele cheiro de energia carnelétrica.
A urina mais ácida quer sair de corpo, está quente, está com pressa.
     No além-banheiro, pela janela e somente pela janela o sol nasce com ares medievais e rasga rostos, inflama as caras. Álvaro observa os raios do Sol, se deixa levar através da fresta, pela qual o vento convida a um passeio, os raios de sol não parecem queimar.
Álvaro transmuta-se em vulto, chega a um balcão de bar, sua mão bate e pede: “Um café expresso e uma dose de alcatrão! ” . 
     Folheia o  jornal do dia sem atenção, os relógios tortos de paredes estão espalhados pelo bar e há uma janela do outro lado.
Apenas a janela e talvez umas mesas.
      É por ela que Álvaro solfeja sua imaginação, sai transitando seus olhos castanhos e observa vultos.
Os olhos castanhos e a beleza vão além, o que pensam os olhos castanhos?
      Barbas por fazer, olhos castanhos... pés ainda descalços, urina quente e apressada...
                  “Oh! Náuseas de olhos castanhos! “, cantam as fêmeas, também, de pesos nos anelares.
     Pela janela, dois vultos entram: Ele, futuro patriarca da moral de mãos dadas a ela, tem a cara rasgada pelo vento e quer um café forte, senta, permanece sentado, calçado; Ela, além do café e das torradas, quer uma barba de penugem rala e olha ( olhar de tempestade), deseja o jornal folheado.
      Álvaro de vulto solar folheia o jornal com menos atenção e alcança o corredor com os olhos: “Besta fera de vestido. Ah! Eu sei... não é de hoje, mas ela se veste bem, tapa suas concupiscências
 e vai ao banheiro; fantasiada de uma verdade inventada, contém um desejo insustentável e ineficaz. As costas dela não aguentam o peso do pecado e seu anelar não sente mais o peso do anel” 
     A penugem rala de Álvaro capta a esfera tempestuosa e carnalétrica desse vulto bem vestido. Enlaces de pelos, vestidos e voltagens se prendem à cor castanho.
     E no espelho, o chão frio sustenta pés descalços e urina quente; enquanto a leve imagem de pelos continua.
O rosto é lavado!
A janela fecha, desperta um homem e as navalhas perversas do vento adormecem.