quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Planeta Eros de um BluesMan



Vagões de trem, guitarra e janelas paisagísticas...

 É de tanto estar nessa estrada com jardins, que eu também desabrocho toda manhã.
Se olhar ‘direitinho’, essas flores são essências musicais para meu canto triste.
Eu realmente não sei se o meu cigarro quer permanecer inteiro ou virar fumaça por inteiro dentro e fora de mim.
Plantações dimensionais, de perder-se de vista; um verde puro não sinaliza um estado espiritual...
Minha ressaca de dias a fio, talvez até de vidas passadas, não diminui a mutação
Não diminui o desejo do meu corpo em virar árvore...
A dor estala nos ossos
Pensei ser impossível sentir o desabrocho como na primeira vez, é como uma agonia voraz.
Aqui o ar é rarefeito, é preciso plantar pra respirar melhor;
tornar-se árvore
Como humanizar-se em planta.
Mudar de forma para Eros
(Isso tira o fôlego de qualquer criatura, em qualquer planeta.
Não seria diferente Aqui
Não seria diferente diante do vulto de quem não vejo)
Diante da personificação de Eros, é difícil respirar...
Na minha frente vejo apenas a plantação, flores, minha guitarra, meu som...
As demais visões são embaçadas, Seu vulto ganha formas... aos poucos
Ela é laranja como um entardecer pela janela do vagão
Beleza fundamental para me manter pulsando

Meus membros galheiam-se, tronco se é.
Não há fôlego que me sustente, respirar só pelas folhas por hora.

Esse desabrocho quase que mortal é apenas o prelúdio Aqui, foi como a primeira vez.
Meu canto é triste porque nada é mais triste do que existir.
Nada mais lindo e triste como a balada Blues. Antes ele. Sem ele é silêncio/nada.

É notável quando as formas de fumaças (ou de pó) ganham curvas, não te permitem respirar.
Pulsam pedaços de carne, adubo...
É notável quando o blues toca a alma a ponto de me fazer virar árvore.
A paixão sufoca um homem, é notável...

Minha imaginação alça vôos de grandes dimensões.
Ganho novamente essência musical para meu canto lindo, logo é triste.
Em meu íntimo, sei do impacto, já aconteceu antes:
Quase um planeta de som e entardecer colidindo com a Terra.

Minha paixão fecunda e se arvoreia, arde e observa, espera, mas não sucumbe.

Rodas oníricas seguem comigo no trilho...

Talvez, nesse planeta de curvas, fascínio e sorriso, tudo seja real.


                                                                                                  

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