sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Voo


O Albatroz dá um rasante em pleno mar aberto...

( - O limiar do meu corpo se abre vulnerável...
O mar já não basta...
A tempestade Sangra dentro e fora de mim.
O limiar do meu corpo pulsa
                                    arde
                                    pulsa)
Ali, o marinheiro retira seu quepe observando...
Os assobios dos ventos passam e nada falam.
Do lado de fora tudo é lindo, leve e fácil...
O marinheiro adentra em mar aberto e seu peito dentro Sangra.

(Ingênuo quem pensa que coração de navegante não sangra)

O cheiro da maré embriaga, encanta, vicia
As narinas já compreendem.
Às vezes, quando o céu se encinzece, as nuvens se amontoam e pesam sobre os homens errantes do mar, todos eles crêem na finitude da vida porque os ventos se alimentam do medo deles
os ventos criam forças.
Os ventos fortes engolem os homens;
Rasgam suas peles,
mas esses ventos não dilaceram seus corações, pois os lobos do mar já deixaram seu peito (de ardor) em terra firme.
Na verdade, os fortes ventos trazem a paz existencial que os homens tanto precisam...
A tempestade cresce com agonia e caos... Porém a dor maior sempre fica no último porto:

( - Não se preocupe...
Nenhum marinheiro experiente morre; nenhum navegante bom se afoga.
O mar lembra de quem tem Paixão no peito...
O mar é parte de mim; assim como tenho mãos, tenho mar.)

O limiar do corpo se abre, pulsa
                                          sangra
                                          pulsa
Os ventos acariciam o rosto dos homens e rasga o peito dos bravos
                                                                                          depois é Torpor...
O mar fascina e atrai.
Alimentado por completo, o vento está.
Ameniza
Há brandura de uma violência inocente
A ave paira rasante...

Sim!
       Navegante do mar não morre, transmuta-se em Albatroz Errante.

(PS: a proposta em postar o vídeo com o meu texto é explicar que, pra mim, a música inspirou no processo de criação desse texto... mas escutar ou não quem decide é o leitor. )

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